Numa das últimas viagens Praia-Lisboa, decidimos viajar na Sata e fazer um stopover nos Açores de 3 dias.
3 dias, para “rever” S. Miguel (onde já não íamos há mais de uma década) e mostrar este lugar maravilhoso ao Kiko. Tempo suficiente para nos deslumbrar e querer fazer valer cada minuto.
Ficámos alojados numa bonita guesthouse bem no centro de Ponta Delgada e dedicámos a tarde da nossa chegada a explorar a cidade e as zonas mais próximas.
Dia 1
Acordar cedo! Tomar o pequeno almoço repleto de fruta, doces caseiros e um delicioso bolo do caco, que aqui substitui o pão, e rumar à zona das Furnas.
Estava de chuva o que foi um pouco desanimador, mas não nos demoveu da rota traçada.
Começámos a visita pela Lagoa das Furnas. Passeámos pela margem e vimos a “nossa” panela de cozido, devidamente identificada a ser retirada do solo em ebulição, depois de 6 horas de cozedura.
Eram 12.30 quando estávamos sentados à mesa para degustar o famoso cozido das Furnas. Uma experiência gastronómica que vale muito a pena!
Nota: Façam sempre marcação senão, dificilmente vão conseguir. Praticamente todos os restaurantes das Furnas fazem cozido. Nós escolhemos o Tony’s e pareceu-nos certeiro.
A tarde foi dedicada ao belíssimo Parque Terra Nostra. Um jardim botânico que remonta ao século XVIII, com uma impressionante coleção de plantas e flores, caminhos ponteados por fumarolas e cursos de água.
O ex-libris é um conjunto de piscinas de água quente uma grande e mais duas menores.
Escolhemos as menores, mais tranquilas e com água límpida. A experiência de entrar numa água com temperatura acima dos 28 graus, enquanto cá fora chove e faz frio, é indescritível!
Nota: O bilhete para o Parque Terra Nostra custa 8€ adulto / 4 € criança. O parque tem balneários para trocar de roupa.
Depois do banho retemperador e com o corpo super relaxado, continuamos a viagem em direção a Vila Franca do Campo.
O sol começou a abrir , depois de um dia muito cinzento, finalmente as paisagens verdes (e as vacas!) começaram a surgir no horizonte e a natureza ofereceu-nos um lindo pôr do sol, como remate de um dia que a chuva não conseguiu estragar!
Regressamos a Ponta Delgada de coração cheio!
Dia 2
As previsões meteorológicas cumpriram-se e o sol veio dar-nos bom dia e acompanhou-nos em quase todo o nosso roteiro.
Saímos de Ponta Delgada em direção à Lagoa das Sete Cidades, fazendo paragens estratégicas pelo caminho para o “nosso fotógrafo” eternizar cada pedaço desta ilha maravilhosa. Viajar com alguém que observa o mundo através das objetivas exige tempo (paciência também 😊) mas as recordações ficam sempre muito bem ilustradas!
Passamos ao lado de várias lagoas até chegar ao Miradouro da Vista do Rei onde as Sete Cidades se nos oferecem, nos seus tons verdes e azuis. É lindo demais!
Deixamos a sensibilidade do “nosso fotógrafo” registar cada ângulo; fizemos as habituais stories e fotos de Instagram e descemos à povoação das Sete Cidades.
O destino seguinte levou-nos até à Ponta da Ferraria e daí seguimos sempre pela costa , parando nos imensos miradouros para desfrutar das vistas.
O almoço estava marcado e ansiado no famoso restaurante da Associação Agrícola da Ribeira Grande. Mais um sítio onde é preciso marcar se não quiser bater com o nariz na porta ou, na melhor hipótese, esperar um bom par de horas.
Nota: No Restaurante da Associação Agrícola comem-se provavelmente os melhores bifes de São Miguel. Escolha o peso, o corte e os molhos. Recomendamos a cerveja artesanal da casa para acompanhar.
O almoço na Associação Agrícola combina com uma sesta demorada, mas nós ainda tínhamos uns quantos destinos no roteiro que contrariavam a preguiça.
A paragem seguinte, bem ali ao lado, foi em Rabo de Peixe a mítica região piscatória, outrora designada como uma das freguesias mais pobres da Europa, mas que hoje em dia não fica à margem dos roteiros turísticos. Desde logo porque Vhils andou por ali e deixou a sua marca no porto da vila, o que para os amantes de arte urbana, como nós, já é motivo suficiente para fazer este desvio. Depois porque a vila se oferece ao mar, com ruas e ruelas de casinhas modestas, mas coloridas e cheia de autoestima. Mais uma vez, o “nosso fotógrafo” pode deliciar-se por aqui.
De volta ao carro alugado, começámos a descer na direção da Lagoa do Fogo.
No caminho mais uma paragem “técnica” na Cascata do Salto do Cabrito.
O carro chega mesmo à zona da queda de água, mas nós tínhamos um almoço híper calórico para queimar e decidimos caminhar pela estrada, cerca de 1,5 km a descer…. O pior foi voltar!
A Lagoa do Fogo é mais um “must see” destes Açores onde cada recanto convida à contemplação.
Tinham-nos dito que era obrigatório visitar a Poça da D. Beija à noite, por isso, e apesar de ficar nas Furnas decidimos deixá-la para hoje.
Antes disso, parámos na famosa fábrica de Chã Gorreana onde pudemos experimentar as variedades de chás que ali se produzem e descansar um pouco deste dia intenso.
Era praticamente noite quando entramos na Poça da D. Beija de fato de banho vestido para experimentar as piscinas de águas termais.
Vale enquanto experiência “once in a lifetime”, mas não é espetacular. Imensa gente nas 5 piscinas; água demasiado quente (nalgumas estava a 40 graus) e pouca iluminação o que deita por terra aquela ideia das fotografias noturnas e românticas. 😊
Nota: A entrada na Poça da D. Beija custa 6 € adulto / 4 € criança. À entrada dão-nos uma cesta onde podemos colocar a roupa e as toalhas. Também há cacifos disponíveis mediante pagamento.
Dia 3
Chegamos à última manhã do nosso stopover e destinamo-la a Ponta Delgada e às compras para levar à família.
Obrigatório para quem, como nós é “cheese lover”: ir ao Rei dos Queijos, junto ao mercado e sentir-se como uma criança numa loja de brinquedos. Ali encontra a imensa variedade de queijos que se produzem nos Açores. Compramos o típico de S. Jorge e o premiado queijo do Morro do Faial que é simplesmente excelente!
Mesmo ao lado fica o mercado onde pode comprar ananás. Uma delicia!
Já abastecidos fizemos uma paragem estratégica no Louvre Michaelense. Uma antiga chapelaria do início do século XX, hoje transformada em mercearia café, com produtos regionais; artesanato; peças de arte e de design…A transformação não lhe tirou a alma de “mercearia do século passado” onde ainda se mantém o enorme balcão de madeira; a balança de outros tempos; as prateleiras preenchidas e os lustres nos tetos de pé alto. Um mimo!
Eis-nos quase no fim ainda com tempo para uma paragem, já a caminho do aeroporto nas estufas de ananases A. Arruda, onde pudemos mostrar ao Kiko as várias fases de crescimento deste delicioso fruto.
E pronto… três dias que passaram como três horas e muitos planos para um regresso mais demorado com tempo para caminhar de mochila às costas… andar de bicicleta e claro seguir viagem para as outras ilhas.
Açores é assim, um sitio onde apetece voltar sempre e muitas, muitas vezes!
Natureza em estado puro!