A Serra da Estrela é daqueles sítios que fazem parte de nós. Desde sempre! Em primeiro lugar porque temos ligações familiares a uma das aldeias da serra e ali passamos uma parte das nossas férias todos os anos. Além disso, foi na Universidade da Beira Interior, na Covilhã que a Soraia se licenciou.

Esta região guarda algumas das memórias mais felizes que vamos acumulando ao longo da vida. Por conseguinte, a serra é um local onde, inevitavelmente, voltamos sempre.

O Parque Natural da Serra da Estrela é a maior área protegida portuguesa e o primeiro parque natural a ser criado. Estende-se por uma área de 101 mil hectares que abrange seis concelhos, o ponto mais alto de Portugal, a nascente de dois importantes rios, o Zêzere e o Mondego e a reserva biogenética. Ou seja, uma classificação internacional atribuída tendo em conta a importância da fauna e flora que ali se podem encontrar.

O palmarés da Serra da Estrela faz desta região uma das mais incríveis de Portugal, com incontáveis percursos e roteiros para explorar.

Para este artigo, escolhemos como ponto de partida a cidade de Gouveia, uma das portas de entrada no parque natural. Precisamente, na encosta a noroeste, a 700 metros de altitude.

Gouveia é a tradicional cidade serrana, onde os ares da serra ditam um ritmo calmo e compassado. A cidade manteve os traços tradicionais, as construções em granito e um núcleo central, com bonitas esplanadas e jardins.

A cidade é sede de um município com aldeias históricas incríveis e que, noutros posts teremos oportunidade de explorar. Falamos de Folgosinho, Melo ou mesmo ali ao lado Linhares da Beira (embora esta já pertença a outro concelho).

Mas hoje o caminho aponta para norte e é a partir de Gouveia que começamos a subir pela EN232.

16 km acima, encontrará uma das muitas formas graníticas que animam o Parque Natural, a Cabeça do Velho. Só possível de ver na direção Gouveia-Torre e de perfil.

A próxima paragem obriga a um pequeno desvio, mas garantimos que vale a pena. Saindo da EN232, por uma estrada municipal que está assinalada, chegará ao vale do Rossim, para nós a mais bonita lagoa da serra. O espaço tem um eco resort com vários bungalows e parque de campismo, uma praia fluvial e um bar/restaurante que disponibiliza várias atividades náuticas de lazer.

No verão dê um mergulho, mas não espere águas mornas. Afinal estamos a 1300 metros de altitude.

De qualquer forma é extremamente retemperador!

Do Vale do Rossim partem também trilhos lindíssimos para quem gosta de caminhadas. Pode pesquisar os vários percursos pedestres da Serra da Estrela aqui.

Seguimos viagem de novo pela estrada principal para duas curvas acima encher as garrafas e bebedouros com a água fresca que sai da fonte onde nasce o rio Mondego.

Em seguida, retome a EN232 agora com destino a Manteigas por um percurso de paisagens deslumbrantes e miradouros de paragem obrigatória.

Depois de muitas curvas e contracurvas chega-se à vila, no coração do parque natural.

Manteigas fica protegida pelos imponentes maciços da serra e por florestas frondosas.

Aproveite para almoçar por aqui. Nós gostamos especialmente dos petiscos da Queijaria Manteigas, mas também do restaurante O Berne, situado no hotel com o mesmo nome. Uma vez em Manteigas é também obrigatório comprar queijo na Casa Guedes, a famosa mercearia de produtos regionais que tem sempre queijo da serra de qualidade garantida.

De barriga cheia, rumamos agora ao ponto mais alto de Portugal.

Siga a estrada EN 338 que atravessa o Vale Glaciar do Zêzere, uma das mais belas paisagens do parque natural que no inverno, não raras vezes, se cobre de um manto branco.

E eis a paragem seguinte. Um dos mais inevitáveis lugares da Serra da Estrela: o Covão da Ametade.

Seja verão ou inverno este “bosque encantado” é digno de uma visita.

Aqui fica a nascente do Rio Zêzere e uma vasta área florestal com um ecossistema próprio, favorável ao desenvolvimento de várias espécies. O Covão da Ametade situa-se no sopé dos Cântaros (magro, gordo e raso), três emblemáticas formações rochosas que se erguem e lhe servem de parede natural.

É provável que queira demorar-se por aqui. Não só para contemplar a paisagem, mas também para sentir o ar puro serrano e ouvir o som do riacho que ali corre e começa a ganhar forma de rio. Na realidade, o espaço convida ao descanso, a piqueniques em família. Também a brincadeiras entre os troncos das bétulas que formam o bosque e asseguram sombras frescas no verão.

De volta à estrada, contorne o Covão da Ametade, os cântaros e estará a caminho da Torre. Por mais que a Torre não seja, para nós, dos pontos mais atrativos da Serra da Estrela, não deixa de ser emblemático estar a 1993 metros de altitude. Afinal, estamos no topo de Portugal, com uma vista tão desafogada que nos permite ver toda a zona da Gardunha.

Alguns, cliques, posts, stories e a volta ao Parque Natural continua. Desta vez a descer, na direção da mais alta aldeia de Portugal.  

São aproximadamente 20 km de estrada, curvas apertadas, paisagens dignas de registo.

Pelo caminho encontramos grandes formações rochosas, pinheiros, eucaliptos, giestas, plantas endémicas. A flora da Serra da Estrela representa cerca de um terço da fitodiversidade nacional.

O Sabugueiro é a tradicional aldeia que enverga orgulhosamente o título da mais alta de Portugal. Fica a 1115 metros de altitude. Aqui pode encontrar alguns dos criadores dos cães Serra da Estrela e também produtores de queijo.

Assim sendo, na paragem do Sabugueiro impõem-se a sandes de queijo da serra em pão de centeio.

Uma delícia que combina com o passeio.

Energias repostas para o regresso novamente na direção de Gouveia. Se o passeio tiver começado bem cedo, esta é a hora de contemplar o por do sol que a serra nos oferece. As rochas recebem o sol rasante e no céu o azul matiza-se com tons laranja. Um cenário único.

E para nós é tempo de regressar a Gouveia, mais concretamente à aldeia que nos acolhe todos os anos. Cativelos, a “nossa aldeia” serrana que podem conhecer aqui.

Dicas úteis:

Quando ir: A Serra da Estrela é encantadora em todas as alturas do ano, embora em cada uma delas ofereça diferentes cenários e atividades. Se a intenção é ver neve o melhor será nos meses de Inverno. Pesquise aqui as previsões de queda de neve.

Caso prefira caminhadas, mergulhos nas lagoas e passeios ao ar livre sem restrições, os meses de verão são os ideais. Nessa altura a temperatura está suficientemente quente, mas sempre sem exageros o que lhe permite aproveitar várias atividades outdoor.

Onde ficar: Há várias “portas de entrada” no parque natural. Nós sugerimos Seia ou Gouveia como pontos de partida. Em Gouveia a Quinta Madre de Água é um must go. Em Seia a Quinta do Crestelo.

Onde comer: Em Gouveia o restaurante O Flor e O Júlio são referências em pratos regionais.