Com quase dois meses de quarentena, damos por nós a depositar as esperanças nas sempre desejadas férias grandes. Mas a decisão sobre ir a Portugal no verão, começa a ser um dilema, com que nos deparamos face à situação atual. Ir com medo e assumir o risco, ou ficar por cá e aguentar a saudade.

Portugal no verão, sim ou não?

asa de um avião sobre o rio tejo e a ponte 25 de abril

Vamos a números. Estamos há 50 dias em Estado de Emergência. O Kiko há 60 sem ir à escola, sem ver os amigos, sem poder brincar no pátio.

Isto do #fiqueemcasa no início até tinha alguma graça, mas agora já é muito cansativo. Sobretudo quando se tem crianças e quando, para nós ficar em casa não pode ser seguido à letra.

Durante estes 50 dias e os que ainda faltam para deixarmos de estar em estado de emergência, temos mantido a nossa atividade profissional que, em boa parte, não pode ser exercida em teletrabalho.

E é preciso conciliar tudo: o trabalho presencial, o teletrabalho, as tarefas domésticas, a telescola…

Tem sido uma verdadeira roda viva!

homem e mulher de máscara e criança ao computador em telescola

Nisto, depositamos as esperanças nas férias de Verão em Portugal, cada vez mais próximas.

Mas, na verdade, os voos continuam suspensos e sem planos de serem retomados.

De Portugal as notícias dão-nos conta de várias restrições e normas que vão fazer deste verão, um verão inevitavelmente atípico.

“Semáforos” nas praias, festas e festivais cancelados, limitações de entrada em bares, restaurantes, shoppings.

praia no algarve com grande enseada

Neste cenário, damos por nós, provavelmente como muitos outros emigrantes, a ponderar as férias de Verão.

Por um lado, as saudades de Portugal, da família, dos amigos já são gigantes e justificam a viagem. Por outro, não queríamos nada que a mais ansiada época do ano fosse marcada pelo medo e receios constantes que nos limitam a liberdade, que põem em risco os que mais amamos e que obrigam todos a um trabalho redobrado.

Habituámo-nos, nas férias de verão, a correr Portugal de norte a sul, este a oeste, receber abraços, ver amigos, celebrar o regresso por tempo mais demorado.  

Este ano, sabemos que tudo será diferente, que teremos novos hábitos, novas formas de estar com quem gostamos e de fazer o que pretendemos.

Não temos dúvidas que para muitos emigrantes como nós este é um momento de ponderar. Decidir entre ir ou ficar.

Mas para nós, ir, continua a ser a decisão mais provável.

homem e mulher de bicileta junto à torre de belém

Ir para matar saudades… mas não só.

Ir porque, de alguma forma, Portugal também precisa de nós. Que o visitemos, que mesmo com restrições, possamos usufruir das tantas e tantas coisas boas, que, mesmo em tempos de pandemia, Portugal tem para oferecer.

Ir para viver dias longos de verão que se estendem para lá das 9 da noite. Para nos deliciarmos com a gastronomia melhor do mundo. Para visitarmos cantos e recantos de um país único de norte a sul.

Ir para descobrir novos recantos, mais escondidos talvez…praias serenas onde possamos estender a toalha sem medos. Certamente as haverá nos 943 km da mais bela zona costeira do mundo!

Ir porque, em Agosto, Portugal abre os braços aos emigrantes e por eles aguarda o ano todo.

Rua iluminada com arcos em festa

É certo que, noutros anos já tínhamos praticamente uma agenda definida do que fazer nas 4 semanas de férias grandes.

Este ano sabemos que não há espaço para planos, nem marcações.

Isto, claro se até lá as viagens aéreas forem retomadas. Por agora, continuamos por cá, na ilha, em Estado de Emergência desde o dia 29 de Março e com os voos suspensos desde o dia 17.

Por agora, ninguém entra e ninguém sai de Santiago. Mas ir, é para nós, o melhor remédio mesmo em tempos de pandemia.